26 de nov. de 2010

Somatização?

No final de semana passado, acamada por causa de uma gripe. Na última terça, uma crise de lombalgia me afastou do trabalho, dos amigos e dos problemas.
Sempre ouvi dizer que transformamos boa parte de nossas emoções negativas em doenças. O nódulo na tireóide pode ser acúmulo de palavras não ditas, a tosse pode ser a necessidade de expelir algum sentimento ruim, a dor nas costas pode ser o excesso de peso, de culpa ou de problemas que não conseguimos mais carregar.
Independente da causa, a lombalgia é uma dor intensa que ocorre na região da coluna lombar e pode ser causada por hérnia de disco, protusão, inflamação do nervo ciático ou outro tipo de inflamação. A dor começa na coluna e irradia para a perna, impedindo alguns movimentos. Você acha que vai ficar 'travada' pra sempre, que nunca mais vai conseguir andar. É um desespero indescritível, uma vontade de arrancar a dor com as mãos, de nunca mais levantar da cama ou de nunca mais deitar. A irritabilidade aumenta quando alguém tenta te ajudar a levantar: o sentimento de impotência nos torna mais arrogante.
Quatro dias de repouso e a dor não cessa. Quatro dias à base de antiinflamatórios, analgésicos opiáceos e agora cortisona. Isso me deixa imprestável: a cabeça não funciona direito, os pensamentos ficam um pouco desconexos. Tudo fica confuso.
E a cabeça, a única coisa que pode trabalhar agora, não pára! Passar muito tempo pensando também não tem sido muito bom (ainda mais para uma pessoa tão criativa quanto eu).
O fato é que eu odeio me sentir assim. Essa dor é horrível, irritante, chata. Ela bloqueia seus movimentos simples. Ela te torna pequeno, impotente, triste.
Muita pressão? Muita culpa? Muita correria? É o corpo pedindo uma pausa? Ok, já entendi. Agora tira essa dor daqui, por favor?

1 de nov. de 2010

CNH e relacionamento

Fui inserida no mundo mágico das metáforas. Sempre ouvi falar que eram ótimas para fixar lições de vida. A famosa 'moral da história', presente também nas fábulas, é ótima para sair da cartola a qualquer momento. As metáforas formam um banco de dados de fácil acesso, sempre disponíveis para te ajudar a dar uma palavra amiga ou para que você se lembre de algum ensinamento bacana.
A terapeuta adora sapatos, roupas e comida. Alguns amigos usam bebidas como exemplo. Há quem fale de Buda, Jesus e suas parábolas, La Fontaine, Esopo, animais, flores e até futebol. Com o tempo, começamos a criar as nossas próprias metáforas. Vou dividir uma delas neste post.
Você conhece um sujeito e ele acabou de tirar a carta. Ele tem um período de experiência, onde não pode tomar multas, que deve mostrar que ele está apto a tirar a carteira definitiva. Muito bem, o carinha passou no teste.
A partir daí, ele começa a cometer algumas infrações. Claro, quando você acha que domina o carro e sabe dirigir bem, acaba se tornando um pouco arrojado. Bebe e resolve dirigir, faz ultrapassagens proibidas, não respeita o farol vermelho. Até ai, se o marronzinho ou o radar não estiver por perto, ele se safa.
Mas você começa a pegar essas infrações. Algumas leves, como um atraso. Algumas médias, como simplesmente esquecer que combinou de te acompanhar num aniversário. Mas existem infrações gravíssimas, onde perder a habilitação seria o mínimo a acontecer.
Você dá uma chance. Cria um cursinho de reciclagem e matricula a criatura. Ele é esforçado, sabe que depende disso pra voltar a dirigir. Após o curso, passa um período com uma direção bem cuidadosa. Há um medo de perder a habilitação novamente. Mas esse medo começa a se dissipar à medida em que o sujeito vai ganhando a confiança (a autoconfiança e a sua confiança). Ele pode se manter assim, mas um belo dia a direção ofensiva e perigosa pode voltar e pronto. E desta vez você não perdoa, não dá uma chance de reciclagem e simplesmente não deixa que esta criatura volte a dirigir.
O sistema de pontos funciona bem para você avaliar aquilo que é importante pra você. É um sistema racional, é verdade. Mas se você não tem esse apoio 'preto no branco', acaba sendo guiado pelo coração. E geralmente ele não é um bom piloto se não tiver a razão pra puxar o freio na hora certa.
De qualquer forma, acho que essa metáfora ajuda a explicar alguma coisa. E também ajuda quando você ou algum amigo precisa tomar uma atitude racional quando se depara com um relacionamento complicado.