27 de jun. de 2009

Eu não entendo Michael Jackson

Acompanhei nestes últimos dias toda a comoção pela morte do MJ. O mundo está realmente abalado, os fãs estão muito chocados e a mídia está exaustivamente citando tudo isso. Tento entender quais são meus sentimentos em relação a isso.
Gosto de algumas músicas dele, mas nunca comprei um disco. O clipe de Thriller fez parte da minha infância e adolescência, assim como a dança fez meus amiguinhos da escola disputarem prêmios pela melhor imitação. Passei dias e dias tentando chegar ao final do jogo Moonwalker no Megadrive. Eu achava o máximo os chutes dançados com o gritinho uhhhhhhhh.
Como figura, MJ não representou muita coisa prá mim. Que fique claro: PARA MIM. Eu não entendi porque ficou branco, porque casou com a filha do Elvis, porque usava máscara, porque fazia plásticas, porque teve filhos e porque parou de cantar por tanto tempo. Talvez por não ter entendido tudo isso, também não entendo como podem ter pessoas realmente deprimidas com a morte dele. Algumas pessoas muito próximas a mim estão ainda horrorizadas, como se tivessem perdido algo muito valioso. Não vou julgar este comportamento, só vou continuar não entendendo.
Eu nunca ouvi tanta piada sobre alguém como comecei a ouvir na quinta, antes mesmo do anúncio oficial da morte dele. Também nunca vi tantos programas de televisão sobre um mesmo tema. Acho que lembro apenas de mais um acontecimento que mobilizou tanto a mídia: os ataques de 11 de setembro.
Independente da minha opinião sobre o que ele foi em vida, o que fez ou deixou de fazer, uma coisa eu realmente desejo do fundo do meu coração: que esta alma descanse em paz.

12 de jun. de 2009

Fábula do dia dos namorados

Michele estava muito triste. Era o terceiro dia dos namorados sem namorado. Bateu uma mistura de sentimentos: raiva por estar sozinha, desesperançosa porque o tempo está passando, inveja das amigas felizes. O baixo-astral realmente tomava conta de Michele.
Sem muita vontade, precisava ir ao supermercado. Aproveitou a ponte do feriado e foi a pé, ouvindo seu iPod, até o shopping. Andou um pouco pelos corredores, mas acabou por se sentir mal. Por onde olhava encontrava casais sorridentes, escolhendo seus presentes. Ou rapazes lindos, com sacolas gigantes, com cara de apaixonados.
A raiva era cada vez maior e Michele resolveu acabar logo com aquele passeio ridículo. Entrou no supermercado e comprou o que precisava. Já estava se lamentando por ter que passar por dentro do shopping para sair.
No corredor, um homem a parou. Ela olhou bem para aquele moço bonito, com um sorriso encantador, e não conseguiu emitir nada mais que um mal educado 'pois não'. Sem levar o mau humor de Michele em consideração, o rapaz perguntou se ela estava muito ocupada.
- Não, não estou!
- Ah, será que eu poso te pedir um favor?
- Ok.
- Bem, você está com seu namorado por aí? Ou veio ao shopping comprar um presente para o sortudo?
- Nem uma coisa e nem outra. Não tenho namorado. E é melhor você falar logo o que quer antes que eu comece a latir.
- Calma, calma. Queria que você me ajudasse a escolher um presente para a minha namorada.
No fundo, Michele sabia que aquilo iria contribuir para piorar o seu estado de espírito, mas resolveu ser solidária. Afinal, ninguém tem culpa por ela estar sozinha.
- Tudo bem, eu te ajudo. O que quer comprar?
- Ah, estava pensando em um vestido. Ela tem o corpo parecido com o seu. Eu encontrei um muito bonito na loja do final deste corredor. Você pode experimentá-lo?
- Claro - Michele tentou sorrir, mas estava extremamente sem graça.
Caminharam lado a lado, apenas falando sobre amenidades: o dia chuvoso, o record de congestionamento da semana e o frio que tem feito em São Paulo. Entraram na loja e o moço escolheu o vestido. Realmente ele tinha muito bom gosto e Michele já estava até animada. Afinal, poderia ajudar alguém e isso estava dissolvendo a sua raiva.
A vendedora entregou o vestido à Michele, que ficou impressionada quando o vestiu: era perfeito! Ficou deslumbrante. Michele rodopiou no provador, como uma artista de cinema, sorrindo sem motivo, feliz por este pequeno prazer. Abriu a porta do provador e encontrou os olhos do moço, que não saíam da fenda e do decote bonito do vestido.
- Por favor, dê uma voltinha.
Michele sorriu envergonhada e virou. Estava se sentindo linda e desejada. Mas logo se desanimou ao lembrar que aquilo não era para ela.
- Ok, posso tirar agora?
- Claro, pode.
Michele entrou no provador, sentou na cadeira e desabou. Chorava copiosamente enquanto se olhava no espelho e tentava entender o que havia de errado com ela. Não conseguia ter forças para tirar o vestido. A tristeza aumentava, teve vontade de rasgar o vestido e sair correndo dali.
- Moça, tá tudo bem aí?
- Sim, já estou saindo.
Enxugou as lágrimas, tirou o vestido e, quando saiu do provador, já não conseguiu esconder a tristeza. Entregou o vestido ao rapaz e disse:
- Parabéns pela escolha. Sua namorada vai ficar muito feliz. A gente se vê.
- Ei, espere. Gostaria de tomar um café com você, em retribuição ao favor que você me fez. Você aceita?
- Olha, desculpe. Não sou uma boa companhia agora.
- Por favor, eu insisto.
O rapaz pediu para a vendedora embrulhar o vestido, pagou e saiu da loja com Michele abatida, amuada.
- Nem perguntei seu nome. O meu é Diogo e o seu?
- Michele.
- Então vamos, Michele.
Sentaram no quiosque do café e pediram a bebida. Não conversaram muito e Diogo pediu licença, precisava ir ao banheiro. Michele continuou sentada, com o olhar perdido. Tempos depois se deu conta de que 10 minutos se passaram e Diogo não havia voltado.
Levantou, foi até o caixa e perguntou quanto devia pelo café. A vendedora informou que Diogo já havia pago.
-Ah, obrigada.
- Espere, moça.
Michele virou de volta para o caixa e a vendedora entregou a ela uma sacola. Era a mesma do vestido. Parece que Diogo havia esquecido o embrulho lá.
- O rapaz que estava com você na mesa pediu para te entregar. Tem um bilhete prá você aí dentro.
- Tá bom, obrigada outra vez.
- De nada, boa sorte.
Com a sacola na mão, Michele caminhou lentamente até um banco. Olhos ao redor e não viu Diogo em lugar nenhum. Abriu a sacola do vestido, procurando pelo bilhete que a mulher do café havia falado. E encontrou um cartão de visitas de Diogo. No verso do cartão, escrito pelo próprio Diogo:
"Por favor, coloque este vestido hoje à noite e ligue para o número que está na parte da frente do cartão. Eu te pego onde você estiver e vamos passar juntos o dia dos namorados."

8 de jun. de 2009

Lógica na queda de energia

Hoje à tarde tivemos uma pausa forçada no trabalho: a energia caiu e com ela todos aqueles arquivos abertos. Depois de um 'aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah' de um lado, de um 'PQP' de outro, resolvemos tomar um café.
No restaurante encontrei alguns coletas twitteiros que acharam estranho o meu gosto por chimarrão. É talvez seja mesmo inexplicável: não sou do sul, não ando com erva na bolsa e muito menos tenho uma cuia na mesa de trabalho. Mas a verdade é que eu realmente adoro chimarrão.
Durante a conversa aconteceu aquele processo lógico que só nós somos capazes de fazer. Aliás, este deve ser um critério para contratar as pessoas, além de ter idéias de jerico e serem um pouco ansiosas: a lógica apurada!
- Você gosta de chimarrão?
- Adoro
- Mas você não é gaúcha!
- Sim, mas minha mãe é paranaense.
- Ah, então todo paranaense sonha em ser gaúcho
- Não, todo catarinense pensa que é gaúcho!
- Verdade! E todo paranaense gostaria de ser paulista!
- É... isso mesmo! E todo paulista quer morar no Rio... sem os cariocas, claro!
- Nada disso, quem deseja isso é o mineiro! Aliás, mineiro quer mais é destruir o meio ambiente e a camada de ozônio. Assim: derrete as geleiras, que viram mais água, que cobrem o Rio de Janeiro, que chegam até Juiz de Fora e... pronto!
- Hum... excelente! Assim você tem o mar e ainda acaba com os cariocas!
- Pessoal, vamos trabalhar, né?