17 de jan. de 2011

Amy Winehouse

Histórias trágicas como a de Jim Morrison, Janis Joplin, Elvis e Kurt Cobain sempre estiveram um tanto longe de mim. Vi suas vidas retratadas em filmes, documentários ou sendo contadas pelas pessoas mais velhas. Mas nunca cheguei a ver um artista nas condições deploráveis do vício, até estar no show da Amy Winehouse.
A voz desta criatura, incrível nos álbuns Back to Black e Frank, está desaparecendo. Ela canta com olhos vidrados, ela não interage com o público, ela erra letras, afasta o microfone na hora errada, atropela a banda. Nitidamente cheira cocaína durante o show, bebe alguma coisa estranha, conversa com os integrantes da banda e nos dá medo de não vê-la de novo após os intervalos.
Pelo menos 20 mil pessoas estiveram na Arena Anhembi, em São Paulo, para assistir a esse show. Sim, Janelle Monáe e Mayer Hawthorne eram coadjuvantes. Todos estavam ali para ouvir a voz perfeita de Amy. Faltou cerveja, o espaço estava lotado e houve atraso. Mesmo assim, ainda esperávamos por um bom show.
Nós merecíamos um show mais íntimo, numa casa como o Credicard Hall ou HSBC. Amy não é para show aberto. Amy não é para uma galera que está se espremendo num espaço ruim. Amy é para um show pequeno.
O público ameaçou uma animação apenas com algumas músicas: Rehab, Valerie, You Know I'm no Good. Mas o show foi rápido demais, desanimado demais e caro demais.
Estive lá e posso contar, no futuro, como é assistir a um show de um artista em decadência. Mas posso contar também que, apesar de tudo, a voz desta mulher é abençoada... por enquanto.

3 de jan. de 2011

Faxina!

Ontem foi dia de faxina. Abri o armário onde guardava livros, diários e recordações e comecei...
Uma infinidade de livros de auto-ajuda que talvez sirvam para outras pessoas, como um dia serviram para mim. Não quero cuspir no prato que comi, eu leio mesmo! Apenas acredito que eles me trouxeram alento nos momentos que mais precisei e que agora podem tentar fazer o mesmo por outras pessoas.
Livros de ficção que eu adoro, mas tenho certeza de que não vou reler nos próximos anos. Alguns vão ficar, como Crime e Castigo, pois sei que um dia alguém vai querer que eu empreste um livro que eu julgo indispensável para quem quer uma boa história, uma boa lição ou um pouco de estímulo para pensar nas coisas da vida.
Nenhum diário foi poupado. Tenho por costume escrever desde os 15 anos. Sei que não vou utilizá-los para compor minhas memórias e às vezes eu tenho medo de pegar um ao acaso e ler. Não quero reviver emoções ruins, como foi a morte do meu pai ou o rompimento com o meu ex-namorado. As boas lembranças ficam na memória, por isso achei que deveria me desfazer dos muitos cadernos que escrevi.
As fotos sorridentes ao lado de pessoas que fizeram parte da minha vida também estavam lá. Não eram fotos de família, eram fotos de casais alegres e que um dia foram muito felizes. Eu sempre estava sorrindo ao lado de algum ex-namorado, mas algumas fotos hoje não têm muito significado. Guardei aquelas que mostram a figura que mais amei e confesso que me deu um aperto no coração quando vi uma das fotos. Por mais que hoje não estejamos mais juntos, passei quatro felizes anos de minha vida com alguém muito especial. Não quero me desfazer destes sorrisos largos.
Achei muita coisa que nem me lembrava que existia. Cartinhas de amor da adolescência, com promessas e palavras doces, mas que já não fazem sentido aos 33 anos. Pra que relembrar que meu primeiro amor pediu imensas desculpas, em duas folhas de papel almaço, por ter me feito chorar quando levou outra garota pra casa?
O que realmente importa ficou. Ainda restou bastante coisa, mas meu armário está preparado agora para receber mais livros (enquanto o iPad não aparece) e mais lembranças.