9 de fev. de 2011

Comprometida - Elizabeth Gilbert

Resolvi ler Comprometida porque achei Comer Rezar Amar, da mesma autora, um livro incrível. Sinceramente, acreditei que ela fosse descrever o quanto era feliz com Felipe e todas as viagens maravilhosas que fizeram juntos desde que se conheceram em Bali.
Fiquei surpresa quando percebi que o tema era outro. Como Filipe, um brasileiro naturalizado australiano, foi proibido de entrar novamente nos EUA se não fosse casado com uma americana, a única forma do casal construir um lar no país dela seria a partir de um casamento. Até aí, eles se amam e já vivem juntos. Conhecem um ao outro e, até mesmo, sabem bem como são como casal. É óbvio que um casamento seria algo natural, sendo os dois pessoas divorciadas e livres.
Mas eles têm traumas. Ambos tiveram casamentos mal sucedidos e achavam que uma experiência destas bastava por uma vida. Para minimizar estes traumas, Liz resolve estudar sobre o matrimônio enquanto viaja com Filipe pelos países mais estranhos que se pode imaginar: Laos, Camboja, Tailândia. Entre longas viagens de ônibus, nas situações mais precárias possíveis, Liz entrevista as famílias locais, faz pesquisas históricas sobre o casamento e tenta, de todas as formas, se preparar para o grande evento.
A narrativa é bastante sensível e faz cair por terra toda aquela história de que basta amor para casar. Se achamos que hoje temos sorte por vivermos numa sociedade em que é possível escolher seu cônjuge por amor, também temos os maiores índices de divórcio. Se um único sentimento é capaz de sustentar um casamento, tudo se acaba quando ele acaba (e ele acaba). Como manter um casamento sem bases de companheirismo, confiança, situação financeira suficiente, valores de família e divisão de responsabilidades? Tudo o que se perdoa pelo amor acaba subindo à tona em algum momento, especialmente quando o amor começa a enfraquecer.
Entre relatos, pesquisas históricas, filosofia, psicologia e os próprios pensamentos da autora, o livro é muito bom. Vale para quem pensa em construir uma vida com alguém, para quem não tem ninguém e até mesmo para quem já vive um casamento. Vale para quem gosta de refletir e para quem acha que o amor é o grande sentimento que nos impulsiona a escolher alguém para a vida toda.