18 de nov. de 2009

Amizade colorida

Dia desses fui parada na Avenida Paulista por uma repórter da Record. Tema da matéria: Amizade Colorida. Ela me perguntou se eu gostaria de ser entrevistada e, como tive poucos segundos para pensar numa resposta, disse não logo de cara. É um assunto um tanto delicado para ser exposto assim, de supetão.

 

Amizade colorida hoje tem o nome de ATT – amigos também transam. Apesar da nova sigla, o relacionamento é exatamente o mesmo: duas criaturas amigas que resolvem transar sem perder a amizade e também sem assumir um compromisso amoroso. O sexo torna-se um evento como ir a um restaurante conversar: é prazeroso, carinhoso, recheado de companheirismo, de conhecimento sobre o outro... mas não tem nada indicando que se trata de um namoro ou de um relacionamento amoroso estável.

Acredito que as pessoas que se envolvem numa amizade colorida devem estar muito bem preparadas psicologicamente: não existe, pelo menos inicialmente, a intenção de transformar esta amizade em algo mais. Portanto, entregar-se e saber que não há nenhuma obrigação de compromisso no dia seguinte requer habilidades emocionais que nem todos conseguem desenvolver. Quando se espera que aquele grande amigo vire um namorado e potencial pai de seus filhos, como segurar a barra e encarar que ele continua sendo só aquele grande amigo? Quando aquela amiga, companheirona de cerveja, aparece com uma roupa sensual e você pensa ‘cara, ela é mesmo uma mulher... e linda... e gostosa... e.... hum’, como encarar uma noite intensa de sexo sem uma continuidade?

Se ambos curtiram, e passam a ver o outro com outros olhos, é perfeito! Um grande passo para um relacionamento onde as pessoas se conhecem, sabem um pouco sobre os grandes e pequenos defeitos. Mas e quando apenas um dos dois se apaixona pelo amigo, o que fazer?

 

Claro, temos que analisar cada caso. Mas, uma coisa eu tenho certeza: tem que estar muito bem preparado para ter um relacionamento destes, seja para continuar assim até que um dos dois se case, seja para tirar o atraso sempre que a vontade apertar, seja para saber que o outro não tem um compromisso com você e pode muito bem arrumar outra pessoa, seja para aumentar a intimidade e fortalecer ainda mais a amizade, seja para estragar totalmente a amizade, seja para perceber que foi um erro, seja para encarar que absolutamente nada pode mudar... ou tudo pode mudar.

17 de nov. de 2009

No Limite de 1808

Terminei "Quando Nietzche Chorou" (tema para quando estiver em São Tomé das Letras de novo) e comecei 1808.
Laurentino Gomes descreve com uma fascinante riqueza de detalhes toda a saga da família real portuguesa para chegar à colônia. Tudo muito bem escrito e pesquisado.
O livro contém fatos históricos importantes para entendermos como este país se formou, mas quero falar sobre um episódio que me tocou profundamente e que me fez refletir horas e horas: a viagem para o Brasil.
Era muita gente! Cerca de 6000 pessoas, entre a família real, a corte e pobres mortais, divididos em navios com aproximadamente 130 metros de comprimento cada. Alguns navios, segundo o autor, continham 800 pessoas a bordo. Assim, já dá pra tentar imaginar que este deveria ter sido o primeiro programa No Limite da história mundial.
Faltou bebida, faltou comida. Não havia banheiro, não havia ventilador. As mulheres não trocavam de vestido, pois muitas perderam sua bagagem na pressa de embarcar. Piolhos, carrapatos, vermes. Crianças chorando, mulheres parindo, homens que não se lavavam. Não há luz, não há camas, não há remédios e muito menos médicos.
Foram dois meses em alto mar, saindo do inverno do hemisfério norte e caindo em terras quentes brasileiras. Primeiro em Salvador, depois no Rio de Janeiro.
Tudo bem que ter ficado em Portugal poderia ter trazido problemas maiores à monarquia, uma vez que as tropas de Napoleão se aproximavam. Mas colocar toda a família real em embarcações precárias para atravessar o mundo... onde estavam com a cabeça?
Pensei em porcos, em cheiro de esgoto, em crianças remelentas, em ratos e baratas, em fome, em sede, em miséria... miséria? Além das pessoas da corte, as jóias da corte estavam a bordo também, mas não poderiam valer alguma coisa neste momento. Todos se misturavam, a rainha com as prostitutas, o príncipe com os escravos.
Impossível não ficar imaginando as coisas que aconteciam nesta aventura real, literalmente real.

8 de nov. de 2009

Ayrton Senna Racing Day

Hoje foi a Maratona de Revezamento Ayrton Senna Racing Day, em Interlagos, São Paulo. Equipes de 2, 4 e 8 pessoas correram 42.200 m pelo Autódromo.

Apenas com o nome do evento já é possível se emocionar. Estar no autódromo, em uma corrida com o nome de um dos maiores ídolos nacionais, foi bem bacana. Só faltava o tema da vitória e a bandeirada no final, mas a música teria que tocar o tempo inteiro do evento. A largada foi às 8h e às 8h20 o braço de quem estivesse na bandeirada já estaria dolorido.
Nossa equipe foi composta pelo pessoal do trabalho. Este também é um aspecto interessante, encontrar os colegas no domingão de manhã.
Fui a terceira a correr 5.250 m, ou seja, uma volta no autódromo. O percurso começa suave, com decidas, pista plana e muito vento no rosto. Aliás, os 3 km iniciais são tranquilos. Passamos pelo S do Senna, pelo Laranjinha e por todos os pontos que há anos ouvimos o Galvão Bueno falar.
Até que uma longa e sinuosa subida aparace na nossa frente: a subida do Café. É praticamente uma ladeira e tem que ter muita força de vontade para não desistir neste trecho. Um kilômetro de subida, que parecia não ter fim. Minha estratégia foi simplesmente olhar para o chão e correr. Não tive coragem de ver se faltava muito... quando finalmente acabou! Eu passei pela ambulância (aliás, muito providencial o resgate naquele momento, tenho certeza que alguém precisou) e pronto, quase acabado.
Quando falta 1 Km a animação faz você superar a pista que neste momento não é mais plana. Você passa por onde seria a bandeirada, corre mais um pouquinho e pronto: a chegada! Nos boxes, entrega a munhequeira para o próximo e corre para o abraço.

Como eu não participava de uma prova desde 2006, esta corrida teve um gosto muito especial: a primeira em Interlagos, a primeira de revezamento, a primeira desde que voltei a treinar, um tempo muito bom para mim. Foi incrível e em breve vou sentir um novo gosto: completar 10 Km.
O próximo desafio é Samsung Classic 10k, dia 22/11, no Ibirapuera.