Este é o décimo dia dos pais que não compro um presente para o meu. No dia 18 de julho de 1999 eu perdi Rubens Pierri Junior aos 55 anos, vítima de infarto, e muitas outras coisas além disso.
Papai era uma figura rara. Sempre bonachão, sempre despreocupado com as coisas materiais, sempre gastando mais do que ganhava, sempre preferindo torrar uma grana com um jantar em família que pagando uma conta. Tinha tantos amigos que o velório dele pareceu um jogo de final de campeonato. As pessoas se revezavam para entrar na sala onde o corpo era velado.
Não condeno, de forma alguma, o comportamento bon vivant do meu pai. Muito pelo contrário, já que era possível ver que ele era bastante feliz. O amor dos meus pais era bem bonito, com carinhos explícitos após 24 anos de casamento. A relação com a gente também era ótima, nunca passamos fome de comida ou de carinho. Ele era amigo, companheiro, palhaço e bastava olhar um pouco diferente para engolirmos a bronca. Meu pai nunca levantou a mão para os filhos... quer dizer, uma vez ele deu um tapa no meu irmão porque ele quase derrubou meu pai da escada. Fora que meu pai era um galã, lindo, elegante, simpático.
Cada ano que passa a lembrança do meu pai fica um pouco mais longe, é verdade. Mas eu sinto a sua presença todos os dias, às vezes dizendo exatamente que eu tenho que parar de me preocupar com algumas coisas, como ele faria.
Meu pai era um cara muito esperto e justo, amigo de todos, divertido e muito, muito bacana. A única injustiça que ele cometeu foi ter nos deixado tão novo.
Feliz Dia dos Pais!
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